No passado a informação era privilégio de um seleto grupo social. A igreja e a nobreza detinham o conhecimento. O restante da população vivia a margem, sendo tutoreada pela igreja e sua politicas. Com o aparecimento da imprensa, criada por Johannes Gutenberg, teve inicio o processo de disseminação da informação. Essa nova tecnologia permitiu a criação de jornais e livros impressos, fazendo com que o conhecimento e a informação pudessem ser compartilhados por todos. Essa mudança foi a responsável pela orquestração das grandes mudanças sociais e econômicas da época. Nos séculos seguintes e com a revolução industrial ascendeu-se nova luz sobre a forma de utilizar a informação. Ela permitiu que pessoas “comuns” pudessem ter acesso a novas tecnologias, nesse contexto empresas nasceram e se multiplicaram em grande escala. 

Esse processo foi evoluindo até um novo modelo de informação: a internet. Hoje o processo de disseminação da informação foi elevado a outro patamar. Na verdade cada pessoa não apenas abastece a rede de informação, mas principalmente disponibiliza sua própria inteligência. Essa onda “online” pode congregar milhões de pessoas debruçadas em cima de um único foco. Os hackers são um bom exemplo disso; reúnem-se para driblar um sistema, criar determinado vírus entre outras coisas. Não vou avaliar o mérito quanto à legalidade, justiça, bondade ou maldade dessa ação. O que tem real valor é essa nova perspectiva de união de inteligências em busca de um propósito. Acredito que no futuro o mundo irá se transformar em um grande computador, talvez profetizado no filme “Tron”. Cada pessoa fará parte do sistema onde a comunhão das múltiplas inteligências ditará o processo de conduta de todos.

O primeiro caso, que me lembro, de cooperação online foi o LInux, que é um sistema operacional criado para combater o sistema da Microsoft. Ele é um caso de sucesso no modo “Open Source”. Até hoje é um software de utilização livre, qualquer pessoa pode contribuir com ele, seja no seu desenvolvimento, na correção de erros, etc. Este novo paradigma foi uma verdadeira revolução, porque mudou a maneira com que muitos softwares são desenvolvidos. Os ganhos são muitos, e vão: desde custos mais baixos, maior agilidade, excelente qualidade e constante evolução. Esse caso demonstrou que é possível levar o conceito de “Open Source” a qualquer outra situação e de fato hoje existem muitas empresas de alta tecnologia disponibilizando sistemas e arquiteturas eletrônicas e assim conseguindo que pessoas em todas as partes do mundo se utilizem e com isso muitas coisas têm sido criadas. Outras tentativas têm sido feitas nesse sentido; Peter Norvig, professor da Universidade de Stanford, juntamente com um colega idealizou um curso online que em poucas semanas atingiu mais de 160 mil alunos, a ideia básica foi à criação vídeos de curta duração (2 a 6 minutos), onde a sensação para quem assiste é a de que ele se encontra num bar ouvindo um amigo explicando alguma coisa. O sucesso é enorme, o aprendizado evolui na medida em que o individualismo é o centro da questão, dessa forma é possível imaginar que no futuro se abandone de vez a clássica sala de aula, onde um fulano em cima de um púlpito fala sem parar e muitas pessoas dormem na plateia. Segundo Peter Norvig, esse novo processo trouxe uma enorme quantidade de informações e através delas está sendo possível aperfeiçoar o sistema, fóruns foram criados para debater as questões, o processo de ensinar atinge dessa maneira um posicionamento perfeito, entre ensinar e aprender e mais que isso exercitar a inteligência pelo aprendizado.

No médio prazo e com exemplos como esses, as empresas irão despertar para essa nova maneira de interação. Hoje os departamentos que as compõe são estanques no que se refere ao conhecimento. Parecem caixas fechadas e muitos o fazem como forma de se proteger. Esquecem que a empresa é um todo. Assim como as escolas que padronizam o aprendizado tolhendo os “dons” naturais de cada individuo as empresas por sua vez agem da mesma forma. As rotinas são já pré-estabelecidas e mudá-las torna-se tarefa inglória que atrairá a ira de seus idealizadores. Vendo sob esse prisma o despertar de talentos fica prejudicado na medida em que a liberdade é restringida. Honestamente não estou propondo uma revolução, meu intuito é o de levantar essas questões de maneira que seja possível vislumbrar o problema e com tal consciência procurar uma nova forma de ação. Criar condições para que as pessoas possam desempenhar seus papeis em sua plenitude pode parecer a priori uma utopia, porém a humanidade chegou ao estágio de desenvolvimento graças à coragem e determinação de uns poucos sonhadores.

Isso me faz pensar num velho ditado que diz: A união faz a força. Pois bem! É chegada a hora de uma nova visão sobre as relações humanas. A sociedade como um todo tenderá a compartilhar os novos rumos desse mundo globalizado; esse é um caminho sem volta. Cabe-nos, na medida do possível, pavimentar esse caminho, seja dentro de nossa própria família seja na empresa que trabalhamos ou em qualquer sociedade que façamos parte. A comunhão das ideias, pensamentos e informações irá possibilizar a meu ver, um mundo mais equilibrado, conciso e melhor para cada um de nós. Como sempre, gosto de afirmar que nestes textos não me proponho a criar verdades, nem tampouco desenhar um tratado sobre conduta empresarial. A ideia é simplesmente levar o leitor a refletir sobre um ângulo diferente, para entretê-lo e fazê-lo meditar. Só isto, nada mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário